domingo, 24 de março de 2013

"O meu engenheiro preferido"


O meu primeiro dia de praxe não começou da melhor forma. Na minha cabeça não havia nenhum problema com as minhas duas primeiras opções de entrada. Obviamente que eram dois cursos completamente diferentes, mas não via mal nenhum nisso...nem sequer pensei na hipótese de vir a ser tão gozada por esse motivo. As primeiras horas foram, portanto, uma autêntica tortura. Imensas bocas, muitas flexões, imensos gritos. A verdade é que nunca fui uma pessoa muito faladora e custava-me muito lidar com tudo aquilo. Sentia-me muito sozinha e desprotegida. Após uma manhã de terror e um almoço calmo a praxe retornou com toda a pujança. Não sei exactamente quanto tempo demoramos a entrar no pavilhão para ouvir o discurso do reitor, mas tenho na ideia que foi uma eternidade. Mais tarde, ainda me recordo do local...algo imundo com umas ervas muito altas...vim a conhecer o meu engenheiro preferido desde então. Lembro-me tão bem daquele momento. Ele perguntou a uma praxante qual era a caloira que queria ter entrado em ********** e ela colocada exactamente à minha frente, apontou para mim. Então ele chegou-se à minha beira e disse-me o seguinte: "Caloira, sabias que eu frequentei um ano o curso para o qual querias ir? Estás muito melhor aqui, Caloira. Acredita em mim. Não desistas". O meu nervosismo só me permitiu responder "sim" e "não". Naquele dia perdi-lhe o rasto e nem sequer lhe tinha conseguido ver a cara. Acabei por o redescobrir no dia seguinte, pela manhã, quando mais uma vez um cardeal me gozou pelas minhas opções e me disse: "Caloira pareces o ***!". Descobri, então, o nome da única pessoa que havia sido simpática para mim. Só não imaginava que ele viria a tornar-se uma das pessoas mais importantes da minha vida.

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